Saber amar algo é tão importante quanto viver. E este mundo da Gastronomia dá-me imensas paixões. Toda a gente sabe que sou Transmontano e que é nessa raiz que encontro os sabores que me confortam. Mas com os anos em que vivo perto do Mar, fui descobrindo pequenas iguarias. Pequenas delícias que me marcam sempre que as provo. Saber a Mar.
Os Ouriços são um desses ingredientes que nunca pensei comer. Para mim eram “bichos” que serviam para brincar no Verão. Os nossos encontros tinham de ser cuidados. Não fosse o diabo tecê-las e termos o azar de pisar um. Até ao dia em que provei um. Foi pelas mãos do Hélder Chagas do Restaurante Ribamar. Num Peixe em Lisboa à uma série de anos. Fiquei siderado meus amigos. Como poderia algo que eu conhecia a vida toda da praia, ter aquele sabor tão maravilhoso.
Se o posso descrever (e toda a gente que o prova), sabe a mar. Sim. Sabe ao primeiro mergulho quando chegamos à praia. É fresco. Salgado. Com um ligeiro adocicado que nos encanta. Torna-se quase um vício. Ontem foi o primeiro dia deste ano em que voltei a comer. Credo! Que sabor. Apaixonante. Uma verdadeira iguaria. Acreditem em mim. Não há sabor no mundo assim. Pelo menos para mim.
Na página do Oceanário de Lisboa são assim descritos : “O ouriço-do-mar é um equinoderme, tal como as estrelas-do-mar e os pepinos-do-mar. Alimenta-se de outros invertebrados e de algas que raspa das rochas com os seus cinco dentes, localizados na superfície inferior do corpo. Estes dentes formam um bico e estão unidos num sistema de ossículos e músculos bastante complexo, denomidano Lanterna de Aristóteles. Não tem olhos mas o corpo está coberto por células sensíveis à luz. Assim que detecta luz, cobre-se com conchas, pequenas pedras e algas (!). Apesar de não parecer, estes animais movem-se com a ajuda de pés ambulacrários. O seu esqueleto duro e coberto de espinhos não é suficiente para os proteger de alguns caranguejos Europeus, estrelas-do-mar e peixes.”
Pois. Mas uma coisa eu acrescentava ali. São simplesmente deliciosos. Não tenham medo de experimentar. Se vieram ao Peixe em Lisboa podem dar uma salto ao Ribamar e pedir um prato. Pode é não haver. Já que é algo que tem de se comer bem fresco. Eu tenho uma reserva sempre feita. Se existir “stock” então um prato é sempre para mim. Porque quando se gosta não se pode perder a oportunidade. Sou completamente viciado. Admito em pudor. Porque são um dos sabores que me ensinaram a amar. E sabem realmente a Mar.