Eu gosto de tudo. É impressionante como evoluí nos últimos anos ao nível do meu gosto. Esse sentido que nos provoca tanto prazer. Acho que é pelo desafio. Pela paixão de provar coisas fora da zona de conforto. Os brócolos que odiava em criança, tornaram-se numa paixão em adulto!
A minha melhor amiga não gosta de Ervilhas. Não entendo. Como é que isso é possível. Não gostar de alguma coisa que se possa comer. Sei que muitas vezes são traumas de infância, muito devido às obrigações impostas pelos progenitores. E daí ficarem marcas no sentido do gosto. Se não provarmos como é que podemos saber que não gostamos? Essa é uma ideia que me acompanha nestas explorações gastronómicas e do palato. E ainda a tenho de convencer a provar as minhas ervilhas com ovos. Tenho mesmo.
Claro que existem coisas que gostamos mais e outras que gostamos menos. É normal. Somos animais de hábitos. De ideias mais ou menos fixas. É normal ficarmos pela zona de conforto no que respeita aos gostos alimentares. Foram anos de educação nesse sentido. E as mudanças de hábitos e de gostos são sempre difíceis.
Para quem como eu tem esta paixão pelo gosto, provar algo vai muito além do simples sabor. Muitas vezes dedico-me a coisas que á partida sei que não vão ser tão agradáveis. Mas tenho de as provar. Tenho de as sentir e compreender. Porque gosto de saber a história do ingrediente ou do prato que estou a comer. É assim que consigo viajar, quer no tempo, quer na minha memória. Pois quando se prova algo pela primeira vez, recorremos a comparações com aquilo que conhecemos. E é nessa relação que vamos definindo a nossa escala de gostos.
Como dizia, tenho este quase defeito de gostar de tudo. Já provei grandes iguarias. Ricas em sabor, sem defeitos tal como a trufa branca numa omelete fantástica ou um bom caviar com lavagante. Coisas que me fizeram respirar fundo e sentir o momento. Como também já me atirei para coisas que são mais “complicadas”, como a Caneja de Infundice, um peixe que fica a “apodrecer” durante cerca de 15 dias e depois é cozinhado. Tem um intenso sabor a fénico. Difícil de se lidar no nariz e na boca. Mas foi uma grande experiência. Pois pude aprender a história por detrás deste prato. E isso é para mim o mais importante. Perceber porque as pessoas comem determinados alimentos. Porque os deixam passar por esses processos de maturação e como é que os cozinham e porquê. Quem como eu tem esta paixão, facilmente se recorda de aventuras gastronómicas similares. Viajar para comer algo. Para poder experimentar no local. Junto de quem sabe. É esse o meu maior prazer.
Esse é o sentido do gosto, cada vez mais acredito que é um processo. Isto é, que se pode ir treinando o palato para gostar de mais coisas. Apurar o gosto para apreciar outras iguarias. E nunca ter receio ou medo de provar algo. Porque afinal a comida é prazer.
Já agora, gostava de saber o vosso ódio/amor gastronómico. Deixem aí um comentário. Só para perceber como vai isso no nosso palato!
🙂 Adoro muitas coisas, mas não gosto de nozes!
Olá Rodrigo… também não entendo como não se gosta de algo de comer!! E muito menos entendo quando não se experimenta pelo menos uma vez… nem que seja para a seguir deitar tudo fora!!! 😉 E por isso mesmo, acho que não tenho um ódio… na verdade há algo que não gosto, mas acho que é porque nem sempre se come bom, porque uma ou outra vez que comi gostei muito: caldo verde!