Existem alturas em que a paciência não nos permite cozinhar coisas mais elaboradas. Pelo dia-a-dia agitado, pela vontade de aterrar no sofá ou mesmo pela falta de tempo, a verdade é que recorremos sempre a coisas mais fáceis de se cozinharem. Muita gente opta pelos cereais ou por uma refeição mais ligeira com coisas que sobram do dia anterior. Mas a verdade é que fazer algo bom e de raiz nem sempre tem de ser complicado.
A minha ideia não é deixar uma receita. Mas sim deixar um conceito ou um caminho a seguir nessas situações. Nestas alturas é bom ter um conforto, e o que vos apresento a seguir é um dos pratos que faço quando não me apetece estar demasiado tempo na cozinha mas quero uma refeição reconfortante e saborosa. Sem esquecer a componente mais “leve” para facilitar a digestão de quem vai simplesmente ficar sentado a ver TV ou no computador. Um bom prato para um serão de dolce far niente.
Os brócolos são, para mim, um dos super-vegetais. Detestava-os quando era criança, mas ganhei-lhes um amor incondicional assim que comecei a cozinhar. Têm um sabor maravilhoso quando combinados com os ingredientes certos e especialmente quando são confeccionados da maneira que mais lhes é fiel: ao vapor. E se os conjugarmos com uma massa e algumas ervas e alho, ficam muito perto do céu.
Basta uma “borboleta” de vapor que se encontra facilmente em qualquer loja de decoração e artigos para a casa. Na panela um pouco de água e com a tesoura aproveitamos só as cabeças. Uma pedrita de sal e tapa-se durante alguns minutos. Desta forma preservamos muito dos nutrientes, o que se vai confirmar em muito mais sabor.
Assim que estiverem em forma (gosto deles al dente), basta retirar a “borboleta” com os ditos já prontos e acrescentar um pouco de água para cozer a massa. São no total 12 minutos, 5 para os brócolos e os 7 minutos clássicos da massa. Enquanto isso basta esmagar um alho e picar algumas ervas. Coisa fácil de se fazer. A parte mais engraçada está no toque que lhe damos agora: Depois de misturar os vegetais com a massa já escorrida e pronta a servir, só temos de escolher o caminho a seguir. Coloca-se o alho e as ervas e agora é só decidir o que vai ser o sabor principal.
Umas fatias de presunto bem “esfapiadas”. Um bacon passado na frigideira. Ou uns camarões salteados são alternativas que vão sempre ficar bem. Podemos até usar a mesma panela em que cozemos a massa e previamente os brócolos. Tem lá o sabor todo. Um pouco de papel de cozinha para limpar e um fio de azeite. Bastam um ou dois minutos para os camarões irem ao sítio.
No fim junta-se tudo. Dá-se mais meia volta no calor e serve-se em prato de sopa. Para ainda ser mais reconfortante. Pode parecer complicado. Mas não o é. Este é um dos pratos que não é necessário pensar muito nem ter muita técnica para ficar sempre bem. É simplesmente delicioso. Uma boa pitada de pimenta acabada de moer e podem ir directamente para o sofá. Porque nem sempre que não nos apetece passar muito tempo na cozinha, temos que ter uma refeição menos saborosa.
Experimentem e digam-me o que acham. Porque eu, bem, eu já sou fã!
Identifico-me totalmente na relação amor (atual) / ódio (de criança) com os brócolos. Mas também só agora ia saber apreciar o paladar subtil característico que conferem aos pratos. Por isso: mais 1 fã, aqui.
Adoro bróculos 🙂
E massa com bróculos e um queijo a derreter por cima (desde brie a requeijão, é o que houver no frigorífico) é uma receita de dias de preguiça cá de casa.