Lembro-me bem da minha primeira vez em que caí de amores por uma beringela. Foi em Roma, o que lhe dá uma carga romântica ainda maior. Não era algo que estivesse habituado a comer por terras lusas, e na altura em Trás-os-Montes a beringela não fazia parte dos hábitos de consumo. E penso que mesmo ainda hoje não faça, e que seja apenas consumida por uma pequena minoria.

Mas tem um sabor fantástico. E desde aí que fiquei vidrado. Na altura experimentei-a grelhada dentro de um panini ou seja, a bela da sandwich italiana. Com mozzarella di bufala e uma cerveja Peroni estava assim feito o meu almoço. Ah que bela vida italiana. Lembro-me de perguntar ao Chicco o que era aquilo que sabia tão bem. E ele me ter dito “melanzana” no seu belo sotaque romano. Enquanto sorria do Português que ficava assim na mesma até ter visto o que ele amavelmente foi buscar à cozinha. Beringela. Pois. Não sabia que dava para ser grelhada e ficar com este belo sabor. Pensei na altura.

O gosto ficou sempre. E quando comecei a cozinhar, foi um dos ingredientes que primeiro investiguei. Em muitos sítios diziam para a cortar e colocar as rodelas em sal de maneira a retirar o sabor amargo. Nos dias que correm já não é necessária esta operação, pois as beringelas que se encontram nos mercados e supermercados já são da espécie menos amarga. Por isso basta lavar e cozinhar.

Recheadas no forno é uma das maneiras mais clássicas para serem consumidas. Um pouco de carne picada previamente cozinhada e uma pitada de bom queijo e levar ao forno. Fácil e bem saborosa. Para as grelhar é necessário ter cuidado com a quantidade de azeite que se coloca. É que a beringela é uma verdadeira esponja e absorve imenso a gordura. Mas fica muito bem dentro de um pão ou a acompanhar uma carne grelhada. Até pode substituir as placas de lasanha e transformar a mesma espécie de Moussaka.

Foi mesmo uma história de amor tardio. E ainda bem que assim foi. Porque a beringela tornou-se algo que utilizo bastante na cozinha. E é um desafio elevar este sabor a um patamar diferente. E para isso é necessário insistir, experimentar e acima de tudo falhar muitas vezes. Mas é desta maneira que se aprende. E pode ser que ganhem uma nova paixão. Tal como eu ganhei.

Deixo aqui o link da Wikipédia dedicado a este fruto. E sim, é um fruto.